Sergio Cruz Lima

Cai o símbolo do absolutismo

Por Sergio Cruz Lima
Colaborador
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Mobilizada em redor da Assembleia Nacional, a população de Paris, em 14 de julho de 1789, toma de assalto a Fortaleza da Bastilha e depois a destrói. Velho edifício construído para a defesa da parte oriental da cidade, a Bastilha fora transformada em prisão de condenados políticos desde os tempos do cardeal Richelieu e representava um símbolo do absolutismo real. Além disso, armazenava grãos e pólvora, circunstâncias que os parisienses aproveitaram para saqueá-la, pois a colheita do ano anterior fora desastrosa e os tributos haviam dobrado de valor.

Em 30 de junho, uma multidão se apresenta diante da Abadia de Saint-Germain-des-Prés com a intenção de libertar guardas franceses acusados de indisciplina e que ali se acham detidos. A tensão é enorme. Há o temor de que tropas estrangeiras tentem uma investida sobre Paris. Intimado e desinformado, o povo se vê surpreendido pela notícia de que Necker fora dispensado por Luís XVI no dia anterior, fato considerado como prova da existência de um complô aristocrático.

Na tarde de 12 de julho, oradores improvisados começam a reunir grupos de cidadãos descontentes e promovem convocações contra a nobreza e a família real. Mais: chamam o povo às armas! No dia seguinte, milhares de pessoas se concentram defronte da prefeitura de Paris. Aos gritos, exigem que as armas disponíveis lhes sejam entregues. Ao mesmo tempo, forma-se o Comitê Permanente, cuja decisão primeira é a criação de uma milícia burguesa. Nasce, então, a Guarda Nacional, composta de 800 cidadãos de cada distrito da cidade. Seu objetivo? Zelar pela segurança pública.

Na manhã de 14 de julho, uma turba se concentra no Palais des Invalides e exige a entrega das armas porventura existentes no prédio. Não encontrando nem armas, nem pólvora e nem munição, a multidão ensandecida dirige-se à Bastilha. O governador da fortaleza, marquês de Launoy, que dispõe de uma pequena guarnição realiza tratativas para negociar a entrega das armas. Mas não alcança sucesso. Launoy evacua a frente da fortaleza, entrincheira-se atrás dos fossos e promete a uma delegação da prefeitura de Paris que, se não for atacado, não atirará nos amotinados. Porém, quando a turba enfurecida invade os pátios do edifício e alcança a ponte levadiça, não há outra alternativa, senão atirar. E os poucos soldados do marquês de Launoy atiram. Cem atacantes são mortos. Amotinados e um grupo de guardas rodeiam a fortaleza com quatro canhões que apontam para a ponte levadiça. O marquês oferece a capitulação da Bastilha ao tenente D´Elie. O oficial aceita-a. A turba discorda das condições de rendição. Baixada a ponte, a multidão invade o edifício, liberta os sete prisioneiros ali encarcerados, apodera-se da pólvora e da munição e mata três oficiais e três soldados. Ferido, Launoy é arrastado pelas ruas de Paris até a prefeitura. Morto, sua cabeça, cravada em uma lança, é exibida em desfile até o Palais Royal. Os distúrbios continuam e se erguem barricadas nas ruas à espera de um contra-ataque que jamais aconteceria. Destruído o símbolo da opressão e do despotismo do Antigo Regime, a Revolução triunfa. Hoje o 14 de Julho, data da queda da Bastilha, é o Dia Nacional da França.​

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